O Congresso Nacional criou nesta quinta-feira uma comissão especial que averiguará os vínculos entre o chefe da máfia do jogo ilegal Carlinhos Cachoeira com políticos, policiais e empresas privadas, ligações que geraram um escândalo de grande proporção.

Deputados e Senadores na cessão de instalação da CPI de Cachoeira
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que terá poderes para levantar o sigilo bancário, fiscal e telefônico dos envolvidos e interrogar qualquer pessoa, será integrada por 15 senadores e o mesmo número de deputados federais. A previsão é de que os trabalhos comecem na próxima semana, depois que cada partido político indicar os congressistas que farão parte do grupo. A justificativa da criação da CPI é investigar práticas criminosas cometidas pelo chefe do jogo ilegal Carlos Augusto Ramos, conhecido como “Carlinhos Cachoeira”, com a participação de agentes púbicos e privados.
Os vínculos de Cachoreira com diferentes políticos, principalmente da oposição mas também governistas, foram revelados por escutas telefônicas realizadas legalmente pela Polícia em duas investigações contra redes de corrupção que favoreciam empresas interessadas em contratos públicos em troca do pagamento de suborno. As conversas telefônicas começaram a ser divulgadas na imprensa no mês passado, depois que a Polícia Federal efetuou várias operações para prender os acusados de integrar as redes de corrupção, entre eles o próprio Ramos.
O chefe do jogo ilegal, preso desde 29 de fevereiro, é acusado de ser o chefe de uma rede de corrupção que se infiltrou em diferentes Governos estaduais e que envolve parlamentares, policiais e empresas. Entre os políticos atingidos pelo escândalo está o senador Demóstenes Torres, que há um mês era um importante líder da oposição e defensor de campanhas moralistas no Congresso, que foi pressionado para abandonar o partido Democratas (DEM) e está ameaçado com a perda do mandato. As escutas também comprometem o governador de Brasília, Agnelo Queiroz, do Partido dos Trabalhadores (PT), e o governador do estado de Goiás, Marconi Perillo, do opositor Partido da Social Democracia Brasileiro (PSDB).
O escândalo também pode afetar a construtora Delta, que tem contratos milionários em diferentes estados, principalmente no Rio de Janeiro. A Delta, que realizou depósitos milionários ainda não explicados em empresas da rede liderada por Ramos, é a construtora que mais assinou contratos com o Governo de Dilma para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), um milionário plano de investimentos em obras de infraestrutura. Os porta-vozes de diferentes partidos disseram nesta quinta-feira que um dos primeiros passos da comissão será convocar Cachoeira para um interrogatório no Congresso. EFE cm/dsm

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