No Brasil, cargos de vereador, deputados e senadores podem ser preenchidos pelas mesmas pessoas a vida inteira porque a reeleição é permitida quantas vezes quiser.
O que os eleitores pensam dos atuais vereadores e o que os vereadores fizeram pelos eleitores para serem reconhecidos a ponto de serem reeleitos? Nesta perspectiva, a eleição, como regra, favorece o candidato da mudança em vez o da continuidade.
A lei, ao admitir a reeleição permitiu-se disputar a eleição; ser vereador e ser candidato. Mas a lei também proíbe usar os recursos públicos – no seu sentido amplo – para seu benefício pessoal ou partidário.
Mas o eleitor, entretanto, experimenta também dentro de si, vários conflitos:
• O novo parece-lhe mais atraente, mas qual a garantia que tem de que vai fazer o que deve ser feito? Será que ser tudo aquilo que parece ser e promete ser?
• A mudança é uma melhoria, um progresso. Mas se a mudança comprometer o que está funcionando bem, sem conseguir trazer novas vantagens?
• Um candidato menos conhecido, é também atraente, é um candidato a ser conhecido durante a campanha. Mas quem garante que ele está preparado para o desafio?
Cada um dos candidatos deverá então lutar para convencer o eleitor desconfiado de que é possuidor de atributo melhor que o do adversário.
Assim, o candidato à reeleição vai procurar mostrar que o novo mandato que pleiteia não se limitará a dar continuidade ao que já existe, mas que, ao contrário, ele está comprometido com as mudanças, mudanças de verdade.
Esta é a lógica política de uma disputa entre um candidato que busca a eleição e outro que busca a reeleição. Cada um domina de cada lado: o da continuidade e o da mudança.
Nesta situação a luta eleitoral se transforma num “cabo de guerra”, em que cada candidato puxa a corda para o seu lado, até fazer o adversário desestabilizar.
No município de Caucaia, CE, o distrito de Jurema com uma população de mais de cento e quarenta mil habitante e 80.625 eleitores aptos a votar, tem por tradição não reeleger vereadores do local, salvo o feito produzido pelo vereador José Arivaldo Bezerra (PERNAMBUCO) eleito em 2000 e reeleito em 2004.
Esta é uma situação politicamente muito sensível, para qual se recomendaria muita cautela e discrição.