Ceará deve superar o número de 3 mil pacientes com a doença, segundo relatório
Projeção indica que no início de abril o estado deve registrar 3 mil casos de infecção e alcançar o segundo lugar em números de pacientes com a Covid-19. O pico deve ocorrer no dia 25 deste mês
Pesquisadores da Rede CoVida, iniciativa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal da Bahia (UFBA) indicam que o Ceará deve ser o primeiro estado brasileiro a atingir o pico de infecções pelo novo coronavírus, no dia 25 de abril. Além disso, o relatório estima que o estado deve superar os 3 mil pacientes com a doença ainda nesta semana e ficar em segundo lugar entre os mais afetados do país.
Dados atualizados da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) indicam que o Ceará está com 976 casos confirmados de Covid-19 e 3.720 suspeitos. Desde as 17 horas do domingo, 5, até as 9 horas desta segunda-feira, 6, foram confirmados mais 152 casos.
Fortaleza continua como o município com mais confirmações, 872, seguida de Aquiraz, com 15 e Sobral, 10. A maioria dos casos se concentra nas faixas etárias de 30 a 44 anos.
De acordo com a Sesa, foram realizados 5.583 exames no Estado em unidades de saúde públicas e privadas. O número de óbitos permanece o mesmo (26) da última atualização, com 2,66% de taxa de mortalidade cearense para o novo coronavírus.
No boletim da Rede CoVida consta que o Ceará deve alcançar o número de 3.053 pessoas infectadas pelo novo coronavírus, ultrapassando o Rio de Janeiro (2.887) e ficando atrás apenas de São Paulo (11.684), nesta quarta-feira (8). O cálculo aponta, ainda, que o Brasil deve ter cerca de 21 mil casos de pacientes infectados e mais de 500 mortes pela doença neste mesmo dia.
O grupo formado por estatísticos, epidemiologistas, físicos, cientistas da computação, economistas e comunicólogos, entre outros, calculou o potencial de reprodução da doença para descobrir a velocidade que o vírus se espalha nos estados brasileiros. Assim, os estudiosos consideraram como uma pessoa infectada pode propagar a doença nas regiões analisadas. Dessa forma, eles identificaram o fator de reprodução, R0, de 2,56, no Ceará.
Valores a partir de R0 a partir de 1 classificam o local com “epidemia em expansão”. Com índice semelhante ao do Ceará, com R0 superior à 2, estão estados como Minas Gerais, Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Na Itália, país onde a propagação do vírus aconteceu de forma rápida, a taxa R0 é de 3.
Medidas
Os pesquisadores listam várias propostas para conter os efeitos da doença no país como as medidas de distanciamento social e restrição de viagens, proteção aos idosos e pessoas com doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares. Além disso, eles pedem o fortalecimento dos sistemas de registro, fluxo, processamento e divulgação de dados e informações. Confira outras recomendações:
- Estimular o isolamento de pessoas com sintomas respiratórios (em especial que inclua tosse), que tiveram início em período recente, portanto, que não sejam casos crônicas
- Intensificar a preparação dos serviços de saúde com todos os recursos que possam ser mobilizados, com ênfase no aumento no número de leitos, equipamentos hospitalares (incluindo EPIs, respiradores e outros insumos estratégicos) e pessoal
- Buscar manter a capacidade dos serviços de saúde de atender as demandas de problemas graves, não relacionadas ao Covid-19;
- Garantir exames diagnósticos de qualidade e em número suficiente para subsidiar a estratégia de proteção das equipes de assistência à saúde em adição às prioridades já estabelecidas.
- Conscientizar a população a buscar o uso de serviços de saúde majoritariamente em situações de urgência e emergência, e garantir o acesso a serviços essenciais tais como atendimento pré-natal, violência contra a mulher, e tratamento de doenças crônicas (infecciosas ou não infecciosas).
Além da taxa de transmissão, os pesquisadores avaliam o número de pessoas curadas e a quantidade de óbitos em decorrência da Covid-19 em um modelo denominado SIR (Suscetíveis, Infectados e Recuperados). O estudo considera que os pacientes com alta após a Covid-19 não podem ser infectados novamente, mas pondera que outras pesquisas apontam a possibilidade de adoecer uma segunda vez pelo vírus.