Eis um dilema antigo e que continua a produzir intensas e intermináveis discussões: a gestão pública deve ser conduzida por técnicos, portanto meritocrática, ou subordinar-se aos interesses nem sempre republicanos dos partidos e dos políticos?
Invariavelmente a saída tem sido pela tangente, na linha do “um pouco de cada”, mas em termos práticos a administração pública brasileira (federal, estaduais e municipais) tem mostrado, em larga escala, o predomínio da opção pelo loteamento dos espaços de governo para os aliados do processo eleitoral, gerando um passivo que chega a ser explosivo (vide a sucessiva queda de ministros do governo Dilma).
Na verdade são duas as causas da inviabilidade da gestão conduzida politicamente no Brasil: a absoluta falta de quadros técnicos nos partidos políticos (os partidos não conseguem atrair esse perfil de cidadão que opta por manter distância dessa geléia ideológica); e a opção desses mesmos partidos pela escolha de quadros da política (parlamentares, ex-parlamentares, ex-prefeitos, aparentados dos donos da sigla, derrotados em eleições etc) para ocupar os cargos de gestão.
Ora, a imensa maioria dessa turma (salvo raras e honrosas exceções que servem para justificar a regra) nunca administrou nada, sequer suas casas, portanto são completamente ineptos para gerir máquinas administrativas normalmente complexas, submetidas a imenso aparato regulatório e ao olhar cada vez mais aguçado dos órgãos de controle. Resultado: gestões desastradas, improdutivas e, o pior, cujas ações são predominantemente orientadas aos mais mesquinhos interesses eleitoreiros. Sem falar que quando assumem os cargos a primeira ação é desmontar as equipes que encontram para empregar em cargos comissionados seus cabos eleitorais, a maioria de baixíssima qualificação.
Esse modelo vem se repetindo em todos os governos, sofrendo menos aqueles governantes que conseguem reservar para sua conhecida “cota pessoal” o maior número possível de órgãos, sobretudo aqueles de maior importância.
A mudança desse cenário passa, indiretamente, por uma reforma política que reduza drasticamente o número de partidos políticos e, por via de consequência, da verdadeira confederação de siglas nanicas (de aluguel) que se aliam aos que têm chance de ganhar a eleição, em troca de generosos nacos de poder. Com menos partidos (as democracias bipartidárias como EUA e Inglaterra não têm esse problema) certamente o loteamento de cargos seria igualmente minimizado.
Com informações: blogclaudionunes