Os números da abstenção não enganam e são avassaladores. Isto é motivo de preocupação para qualquer democrata, seja qual for o quadrante político onde este esteja inserido. Os motivos deste desdém pelas organizações a que chamamos partidos não são, no entanto, totalmente descabidos.
Idealmente, numa democracia perfeita, seria de esperar que não houvesse abstenção, os eleitores estariam devidamente informados sobre as propostas emanadas pelos diferentes partidos, saberiam as consequências das mesmas, haveria transparência e simetria de informação. Haveria cumprimento dos programas eleitorais e as promessas eleitorais seriam executadas. Mas não vivemos num mundo perfeito e os seres humanos são indubitavelmente falíveis. As organizações partidárias, sendo constituídas por seres humanos, seguem este preceito, mas de um modo ainda mais intrincado.
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| Eleitores não se deixem eganar por falsas promessas dos politicos corruptos. |
Para que servem os partidos? A pergunta é pertinente em época de eleições. Um partido político é grupo formal, organizado e legalmente estabelecido, que visa ocupar o poder político, ou influenciá-lo, a fim de concretizar os seus ideais, valores e princípios ideológicos. Sem poder ou influência significativa dificilmente o seu impacto será determinante, daí a necessidade de conquistar o máximo número de votos.
Esta acepção é demasiadamente formal e estática. Na verdade, a busca do poder deve ter um fundamento sólido. E, voltando a uma democracia ideal, este fundamento deveria ser resolver os problemas da sociedade, promovendo o bem-estar social, económico e moral dos cidadãos.
Na euforia de alcançar o poder muitos políticos esquecem-se deste fundamento, o jogo partidário torna-se assim quase opaco. Antes dos partidos tornarem-se máquinas de ganhar votos, devem ser máquinas eficientes para resolver problemas. Podemos ter um mesmo partido a governar-nos há mais de 30 anos, mas não basta saber ganhar votos para merecer governar. Seria relevante pensarmos nesta evidência.
