Em entrevista à Agência Brasil no início da campanha do segundo turno, Roberto Cláudio celebrou a maioria no parlamento local. “A governabilidade e as relações políticas harmoniosas entre o Executivo e o Legislativo são fundamentais para que o Executivo possa realizar obras, ter capacidade de inovar com novos projetos e possa começar e terminar ações”, disse o então candidato à época.
Além da Câmara, há o governador do estado, Camilo Santana (PT), que passou a apoiá-lo explicitamente no segundo turno com a derrota da chapa do partido no primeiro turno, que tinha a ex-prefeita Luizianne Lins e Elmano de Freitas à frente. Na coletiva concedida ontem (30) após o resultado das urnas ontem, Roberto Cláudio deu um exemplo de como essa boa relação se converterá em projetos. Ele anunciou a instalação de cabines da Guarda Municipal em áreas públicas de Fortaleza integradas com a Ronda de Ações Intensivas e Ostensivas (Raio), ligada à Polícia Militar.
A área da segurança pública será um elo forte entre os dois entes e deverá dar ao vice-prefeito Moroni Torgan um papel de protagonista. A opinião é do cientista político Josênio Parente, professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece). Ele avalia que a ida do deputado federal para a chapa de Roberto Cláudio foi uma estratégia para entrar no espaço do candidato derrotado, Capitão Wagner (PR).
Moroni foi delegado da Polícia Federal e, quando candidato à prefeitura em eleições anteriores, apostou forte no tema da segurança pública. A mesma aposta foi feita por Capitão Wagner neste pleito. “É importante que o protagonismo de Moroni aconteça porque, na área da segurança, Camilo tem uma dificuldade com a polícia por causa da liderança do Capitão Wagner. Esse papel decisivo de Moroni deve vir para apaziguar ou reverter uma influência que possa dificultar a gestão. ”
Os primeiros quatro anos de gestão de Roberto Cláudio tiveram um intenso investimento em infraestrutura, que, para o professor da Uece, remetem à marca do ex-prefeito Juraci Magalhães, que comandou a cidade por três mandatos e foi responsável, por exemplo, pela construção do atual prédio do Instituto Dr. José Frota e pela implantação dos terminais de integração de ônibus.
“A questão das obras pegou muito, sobretudo porque Fortaleza cresceu, aumentou o número de carros e era preciso reestruturar a cidade. Roberto Cláudio teve um papel semelhante ao do Juraci, inclusive na periferia. Juraci tinha um trabalho de periferia junto com os vereadores dando assistência à população. Essa assistência garantia uma fidelização do voto.”
Na coletiva de ontem (30), Roberto Cláudio demonstrou cautela com os investimentos, mas disse que buscará recursos em diferentes fontes, seja com os governos federal e estadual, seja em organismos internacionais. Ele avaliou que, dos quatro anos desse governo, três foram em cenário de crise. O primeiro ano do segundo mandato, para o prefeito, não deve ser diferente, mas ele diz que vai manter o ritmo dos projetos.
“A economia não vai bem este ano, não há perspectiva de melhora para o próximo ano ainda. Isso demanda da prefeitura muito cuidado com as contas públicas, em fazer economia e evitar desperdícios. Nossa tarefa é começar o segundo mandato com todo o cuidado com o recurso público.”