Os Correios confirmaram ontem, 14, que não houve interessado no processo de licitação do Banco Postal, serviço financeiro prestado nas agências da estatal. A informação havia sido antecipada pelo Estado na edição de sábado, 12. Com a falta de propostas, os Correios negociam um contrato temporário de até um ano com o Banco do Brasil para não interromper os serviços.
O fracasso da licitação é atribuído especialmente ao valor pedido pelo Banco Postal. Para operar o serviço, o interessado deveria desembolsar imediatamente R$ 600 milhões e depositar nova parcela idêntica seis anos depois, além de pagar taxas e comissões de R$ 2,4 bilhões nos dez primeiros anos de contrato. Considerado elevado pelos bancos, esse valor foi o principal ponto de discórdia entre a estatal e os bancos interessados.
Durante o processo de licitação, bancos demonstraram contrariedade a essa exigência, citam pessoas que participaram do processo. O valor foi considerado elevado por todas as instituições financeiras que retiraram o edital. “No passado, o Banco Postal valia muito mais porque a economia crescia e os negócios com a classe C estavam em ebulição. Agora, estamos em recessão e esse público migrou em massa para os canais digitais”, diz o executivo de uma das instituições que consultou o edital, mas não fez proposta.
Além do valor elevado, interessados também queriam flexibilidade na remuneração paga à estatal das correspondências. Um dos pedidos era um modelo mais parecido com o que a Caixa opera com os lotéricos: remuneração menor e variável. Outra reclamação enviada aos Correios mencionava a rigidez operacional prevista no edital. O banco operador não teria influência para determinar, por exemplo, quais agências teriam ou não o Banco Postal.
Procurados, os Correios não confirmam a realização de uma nova licitação. Afirmam estar “avaliando as opções” e que quando for definida a estratégia, haverá um comunicado.