Há vários fatores indicando que o tucano se transforma em um potencial e forte candidato ao Governo no Ceará numa disputa contra Camilo Santana (PT) e a família Ferreira Gomes
Eunício Oliveira (PMDB) caminha para deixar a condição de candidato ao Governo do Ceará em 2018 na mesma velocidade em que o senador Tasso Jereissati (PSDB) passa a ocupar esse espaço. Sim, é isso mesmo.
O que era algo improvável passou a ganhar contornos mais nítidos a partir da informação de que Eunício está pensando muito mais em garantir um mandato federal a partir de 2018 do que em disputar a arriscada e difícil eleição de governador. Afinal, a derrota o retiraria do foro privilegiado no STF, onde estão todos os seus companheiros acusados no âmbito da Lava Jato.
Tasso Jereissati já vem recebendo abordagens para que leve em consideração o projeto de uma candidatura ao Governo. Aos interlocutores, o tucano emite apenas uma vaga negativa dizendo que “é preciso renovar a política” ou “já dei minha contribuição”. Porém, nunca ninguém ouviu um “não” ser pronunciado pelo senador a respeito da ideia.
É evidente que ainda é muito cedo. Falta um ano para o início das articulações políticas mais concretas que antecedem as convenções partidárias previstas no calendário eleitoral. Tudo no âmbito de uma conjuntura política movediça e dependente dos desdobramentos da Lava Jato. Porém, a caravana começa a passar e os cães ladram.
Tasso não tem o que perder sendo candidato a governador. Seu mandato de senador estará apenas na metade. Uma derrota, se ocorrer, já não doerá tanto como aquela que o infelicitou em 2010. Ainda por cima, haverá muito mais em jogo desta vez do que a simples questão política local.
Haverá o esforço tucano para ter candidatos fortes aos governos que ajudem a alavancar o nome do PSDB que disputará as eleições presidenciais. Pessoalmente para Tasso, haverá a boa chance de dar, digamos, uma lição nos Ferreira Gomes. Sim nós sabemos, o fígado é um conselheiro do senador. Ninguém é de ferro.
Longe da Lava Jato, com trajetória política sem máculas éticas de envergadura, dono de sucessos administrativos, Tasso sabe ser hoje um nome muito fácil de ser apresentado ao eleitor cearense. Mais ainda quando leva em consideração seu tempo como governante, cuja agenda virtuosa transformou o Ceará em protagonista nacional.
Há mais a influenciar na dinâmica do processo político. O senador é hoje presidente da influente Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. É por lá que passam todos os desígnios de nossa economia. É claro que o senador mantém uma agenda na Comissão que a torne ainda mais influente.
Mas, como seria o jogo político de Tasso? Bom, este é o fator mais aberto de todos. Qualquer caminhada só terá sentido se o tucano tiver o apoio de Eunício Oliveira e de seu PMDB. Há também o DEM, hoje aliado de Roberto Cláudio e de Camilo, mas controlado pelo empresário Chiquinho Feitosa, primeiro suplente de Tasso. Em tese, basta PSDB, PMDB e DEM juntos para criar as condições básicas de tocar uma candidatura viável ao Governo.
O outro lado da História, por mais inusitado que seja, é a frequência com que o senador mantém conversas e elogios mútuos com o governador e com o prefeito de Fortaleza. Na semana passada, por exemplo, Tasso levou o governador a um encontro com o ministro das Cidades, o tucano Bruno Araújo. Na pauta, o metrô da linha leste sem obras e com os milionários tatuzões ao sol e chuva.
Aguardemos os desdobramentos e as circunstâncias que vão definir o jogo político de 2018. Ainda há muito fatores em andamento. O que ganhou mais concretude foi a candidatura à reeleição do governador Camilo Santana. Afinal, Ciro e Cid, seus padrinhos, já disseram que esse é o rumo.