Decisão de Temer agrava quadro de instabilidade no país
No último domingo (27), em meio ao agravamento da paralisação dos caminhoneiros, o presidente Michel Temer teve de interferir para que não houvesse um aumento no preço da gasolina, piorando ainda mais o quadro de instabilidade no país.
No Palácio do Planalto, onde se reuniu ao longo do dia com assessores e auxiliares presidenciais, ele foi avisado que a falta de álcool em algumas distribuidoras de combustível poderia encarecer a gasolina nos postos. Isso porque o combustível vendido nas bombas leva um percentual de etanol.
De acordo com cálculos do governo, uma mistura menor de álcool poderia levar, em alguns casos, a um aumento de até R$ 0,17 no preço do litro nas bombas dos postos de gasolina.
A informação irritou o presidente, que tinha receio de que um aumento poderia inflamar ainda mais o movimento. Para evitar uma piora no quadro, ele pediu ao ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, que entrasse em contato com a BR Distribuidora.
Segundo relatos, Moreira ligou no mesmo dia para o presidente da BR Distribuidora, Ivan Pereira. Na conversa, concordaram que o quadro era delicado e que não deveria ser repassado nenhum aumento na venda aos postos de gasolina.
A defesa da redução do preço da gasolina passou a ser incorporada pontualmente em manifestações populares desde o início da semana. A equipe econômica, contudo, tem analisado apenas o valor do óleo diesel, reivindicação dos caminhoneiros grevistas.
Mesmo com a continuação das paralisações, o presidente já disse a assessores e auxiliares que não pretende fazer mais concessões que afetem as contas governamentais.
“O governo federal chegou ao limite de disponibilidade. Não há como ceder mais nada que represente custo”, disse à Folha o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Só a diminuição do óleo diesel teve um impacto de R$ 13,4 bilhões. A equipe econômica estuda agora que fontes de recursos poderão ser usadas para compensar a perda.
Padilha antecipou que eles pretendem deslocar valores da reoneração da folha de pagamento, em votação no Senado Federal, e das cobranças da Cide e do PIS/Cofins.
O restante, segundo ele, será feito por remanejamento de recursos fiscais, ainda não definidos. Com informações da Folhapress.