Restando duas semanas para a votação em 1º turno, campanha segue tendência que dificulta a possibilidade de uma alternativa à disputa Bolsonaro-Haddad
A duas semanas da votação em primeiro turno das eleições 2018, a campanha presidencial segue uma tendência que representa um desafio às candidaturas que podem despontar como uma terceira via à polarização entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). A análise das pesquisas mostra que, se quiserem se cacifar como uma terceira via, os candidatos situados no bloco intermediário das intenções de voto – Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede) – terão 14 dias para reverter o movimento atual que está sendo impulsionado pela coesão do eleitorado antipetista em torno de Bolsonaro e do lulista/petista em torno de Haddad.
Restam então os eleitores volúveis de Alckmin, Marina e Ciro. Na remota hipótese de o tucano virar depositário da totalidade dos votos volúveis dos outros dois e dos chamados “nanicos”, além de manter todos os seus próprios simpatizantes não convictos, Alckmin subiria de 7% para 14% – taxa insuficiente para assumir o segundo lugar na corrida.
Na hipótese de Ciro herdar os volúveis de Alckmin e Marina, ele passaria de 11% para 16% – e ainda ficaria abaixo dos 19% de Haddad. No caso da candidata da Rede, um rearranjo nesse sentido a deixaria com 14%.
Ou seja, a viabilidade de um candidato de “terceira via” depende, acima de tudo, de uma eventual queda de Bolsonaro ou de Haddad, ou de ambos.
Para o cientista político Oswaldo Amaral, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), resta a Alckmin, por exemplo, recuperar eleitores antipetistas – segmento de 30% do eleitorado.
“Por mais paradoxal que seja, a campanha do Alckmin deve torcer para a próxima pesquisa mostrar que o Haddad estar na frente do Bolsonaro de três a quatro pontos no segundo turno. Isso vai dar força para o discurso dele (de que o voto no candidato do PSL representa um passaporte para a volta dos petistas ao poder) dessa etapa final de primeiro turno de se posicionar como candidato competitivo e único capaz de derrotar o PT”, disse Amaral, que dirige o Centro de Estudos de Opinião Pública (Cesop), na Unicamp.
A campanha tucana trabalha com a crença de que o candidato do PT já tem vaga garantida no segundo turno. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.