José Airton Félix Cirilo da Silva é um engenheiro civil, advogado e político brasileiro, filiado ao Partido dos Trabalhadores. Deputado Federal pelo Ceará, atualmente exercendo o 4º mandato consecutivo

O 1º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador, em tempos de pandemia do coronavírus que assola o País, vai exigir muito mais força, resistência e luta do trabalhador brasileiro para manter direitos conquistados e barrar os ataques violentos praticados pelo governo Bolsonaro à classe trabalhadora.

O uso consumista do “feriado” de 1º de maio, como de divertimento ou de turismo, tem-nos afastado do significado que originou esta comemoração do 1º de maio, quando em 1886, os operários norte-americanos entraram maciçamente em greve, com uma manifestação nunca antes vista em Chicago. Diante da exploração dos patrões, que os obrigavam a trabalhar uma média de 13 horas diárias, eles reivindicaram a jornada de oito horas Dia 3 de maio, em nova assembleia foram mortos três operários e seus líderes foram condenados à forca ou a prisão perpétua. Em 1889 a Internacional Socialista, reunida em Paris, proclamou este dia como de luta pela jornada de oito horas. Em abril de 1919, o Senado da França adotou esta jornada máxima e declarou o 1º de maio como feriado nacional. Dois anos depois a União Soviética fez o mesmo.

No Brasil, embora desde 1925 o Presidente Artur Bernardes tivesse instituído o feriado de 1º de maio, ele aos poucos deixou de ser dia de luta dos operários, antes liderados por anarquistas e comunistas, e passou a ser dia de comemoração oficial. Contribuiu para isto o lançamento, num 1º de maio, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), pelo então ditador no Brasil, Getúlio Vargas, que deu início à ideologia do trabalhismo.

Mas infelizmente ainda, no Brasil, em especial, grande parte da classe trabalhadora não tem, ainda, a consciência de si. Os trabalhadores, individualmente, sabem que o são, mas não se reconhecem como classe que tem a mão de obra explorada, seja ela a de um pedreiro, de uma lavadeira, de um jornalista ou de um médico. Porém, sempre há diferentes graus de conscientização, com o MST e o MTST, por exemplo. De um modo geral, a classe trabalhadora está desorganizada, quando muito, alguns setores lutam para resguardar alguns poucos direitos desde a Reforma Trabalhista de Michel Temer. Porém, a grande luta, a que demanda mudar as estruturas de concentração de renda e de poder, passa ao largo da percepção da maioria dos trabalhadores braçais e não encontra coesão e força entre os vários níveis de identificação ideológica que a força de trabalho intelectual tem com a questão.

O momento pelo qual passa o mundo e o Brasil é um divisor de águas na luta entre o capital e o trabalho. Certa imprensa cumpre o seu papel de voz do dono e tenta esconder que a pandemia do coronavírus deixará clara para a história da formação política dos trabalhadores a total dependência que o capital tem da força de trabalho. Sem gente, sem produção. Essa conscientização é o caminho pelo qual a classe trabalhadora conseguirá acabar com todas as explorações pretendidas e embutidas em projetos de lei elaborados por parlamentares a serviço do capital. É um objetivo ambicioso, visto que a histórica despolitização da classe trabalhadora, infelizmente, não permite sua organização.

O Brasil é um país a quem a classe dominante quer manter eternamente como uma colônia, seja de quem for. Não interessa, desde que ela não tenha que trabalhar. A confiança da elite na aprovação das reformas trabalhistas, da Previdência e para favorecer o sistema financeiro está calcada num longo trabalho de 400 anos, numa cruel escravidão – ainda por se extinguir – e pela consequente marginalização de acesso dos pobres aos bancos escolares. A selvagem classe dominante brasileira se submeterá a um processo civilizatório de acesso justo às riquezas e aos espaços de decisão política, somente quando a classe trabalhadora se conscientizar de quem ela é e do seu papel histórico de personagem produtor das riquezas e de resistência à exploração.

Por José Airton Cirilo
Deputado federal (PT-CE)

1 COMENTÁRIO

  1. Excelente artigo do deputado, que nascido num distrito onde as principais atividades econômicas eram a pesca artesanal, pequena agricultura e exploração de sal, teve a consciência libertadora, ainda jovem estudante, dos povos oprimidos.

    O Dia do Trabalho deveria ser de conscientização de classe, e não uma data comemorativa qualquer, explorada pelos dominantes.

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