Ceará defende que se trata de uma situação histórica e não se apega a mapas de decretos, das capitanias

Por Augusta Brito – Deputada Estadual

Mais de um século após o Decreto assinado por Dom Pedro II em 1880 o litígio entre Ceará e Piauí torna-se novamente tema de discussão nos dois estados. Em debate, o relatório cartográfico preliminar realizado pelo Exército apresentado em 2016 que mostra uma “nova configuração territorial” onde 13 municípios cearenses seriam afetados diretamente.

Para nós, cearenses, não há disputa. Não há como negociar sentimento, pertencimento, identidade territorial e cultural. O vínculo que a população da região em litígio tem com o Ceará ao longo desses mais de cem anos é imensurável.

Do lado de lá se aguarda a conclusão da perícia realizada pelo Exército e o julgamento do relatório entregue à Ministra Carmen Lúcia. Do lado do Ceará queremos que seja reconhecida a legalidade do poder estatal que de fato exerce controle político e administrativo sobre a região em disputa. Foram milhões investidos pelo nosso Estado na região. Ora, não há como todo esse impasse ser resolvido apenas por uma análise cartográfica ou um relatório técnico.

Este tipo de estudo jamais alcançará o sentimento de vínculo, as tradições e a história cultural de um povo que é cearense desde antes das capitanias hereditárias.

Mais que escolas, estabelecimentos agropecuários, torres eólicas, mineração ou estradas é urgente considerar o desejo da população que se reconhece cearense, dono desse chão. Somos conterrâneos, com muito orgulho, de Clóvis Beviláqua, Farias Brito, Delmiro Gouveia e Mestre Ana Maria.

Torço para que as questões financeiras não se sobreponham aos sentimentos de pertença das pessoas. É imperioso respeitar nossos aspectos sociais e culturais. Uno minha voz à população que pede para ser ouvida. Somos cearenses e assim queremos continuar.

4 COMENTÁRIOS

  1. Bela reportagem. A história, a cultura, o elo de ligação familiar e de amizade entre a área em litígio e o restante do estado do Ceará deve ser levado em consideração. Serra da Ibiapaba é do estado do Ceará.
    Nesse momento acho muito importante fazer um abaixo assinado na região em litígio pedindo a população pra assinar.
    Tenho certeza que a maioria absoluta quer continuar fazendo parte do estado do Ceará.

  2. A deputada da regiao da Ibiapaba, Augusta Brito, minha prima, está fazendo um belo trabalho em defesa da região em litígio continuar sendo do Estado do Ceará.
    É na serra da Ibiapaba, principalmente em São Benedito, seu reduto político, onde sua família faz história.

  3. Creio que deverá permanecer como está, pois existe esse acordo assinado há séculos, então, porque mexer e que além de uma questão demográfica/territorial, devemos respeitar os valores e sentimentos alí existentes por toda a população.

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