Traz todo o conceito de ancestralidades a partir do momento presente, com acontecimentos principais, histórias e biografias até o momento presente
As heranças culturais que fazem parte da formação do Brasil são tema da plataforma Ancestralidades, que será lançada nesta segunda-feira (8), às 17h. A proposta reúne verbetes, biografias, fatos históricos e mapeia organizações importantes para compreender as questões raciais negras no país. A iniciativa é um trabalho conjunto da Fundação Tide Setúbal e do Itaú Cultural.
Para além de apresentar conteúdo próprio, a plataforma vai fazer ligações com informações produzidas por outros grupos e organizações, a partir de um monitoramento dos temas em discussão na atualidade.
“A ideia é que a gente possa fazer um espaço mais forte e consistente, que possa ser um hub [conector] que sistematiza esses trabalhos e que você jogue para os diferentes núcleos que estão dispersos”, disse a presidente do conselho da Fundação Tide Setúbal e idealizadora da proposta, Neca Setúbal.
A Ancestralidades vai oferecer ainda cursos e incentivar pesquisas. Junto com o lançamento, serão feitos encontros mediados pelos conselheiros do projeto: pela escritora Ana Maria Gonçalves, a filósofa Sueli Carneiro e o músico Tiganá Santana. Os encontros, que serão transmitidos ao vivo no Youtube do Itaú Cultural, vão abordar eixos do projeto: democracia e direitos humanos; ciência e tecnologia; artes e culturais. A primeira conversa será no próprio dia de lançamento da plataforma (8), às 17h, com o filósofo e professor da Universidade Federal da Bahia Eduardo Oliveira.
Eixos
A navegação na plataforma pode ser feita tanto a partir dos eixos estruturantes quanto através de uma linha temporal apresentada em uma mandala espiral, em um conceito de tempo não necessariamente linear. Os eventos históricos e biografias foram selecionados tendo como ponto de partida os acontecimentos atuais.
O conteúdo deve servir como base de pesquisa, não só para estudiosos e grupos que já têm interesse nas questões raciais, mas também para setores que começam, agora, a dar atenção para o assunto. “É um tema que está perpassando toda a sociedade brasileira. Óbvio que está longe de mudar a chave, mas está perpassando a sociedade brasileira nos seus diferentes setores: nas empresas, nas escolas, nas universidades”, acrescenta.
O conteúdo, apesar de elaborado com cuidado, não pretende, de acordo com Saron, abranger toda a temática. “A gente não tem essa pretensão de ser exaustivo. A gente é parte do processo que a sociedade e alguns setores têm conduzido”, acrescenta.
Aprendizado contínuo
Dentro dessa dinâmica, a ideia é que, em algum momento, Ancestralidades incorpore também os assuntos ligados às questões indígenas brasileiras. A proposta de aperfeiçoamento contínuo é em si, segundo o diretor da instituição, um dos elementos que leva a construção da plataforma. A Ancestralidades se aproveita de experiências práticas do Itaú Cultural, como a enciclopédia de artes visuais, e de discussões feitas ao longo da trajetória do espaço.
Saron relembra da situação, em 2015, com a peça Mulher do Trem, da Cia Os Fofos, que foi acusada de racismo por usar blackface – atores brancos com o rosto pintado para representar pessoas negras de forma caricata. O espetáculo, que estava em cartaz no Itau Cultural, foi duramente criticado na ocasião pelo uso da prática que tem um histórico racista.
“O [projeto] Ancestralidades é um momento de reafirmação dessa trajetória, que a gente tenha uma conversa mais orgânica com o campo para que a gente possa fruir, fomentar e criar processos formativos”, diz Saron.
Ancestralidades pode ser acessada na página da plataforma.
A programação com as rodas de conversa e apresentações musicais que serão transmitidas online pode ser vista na página do Itau Cultural.