As contas externas devem encerrar 2018 com saldo negativo de US$ 18,4 bilhões. A projeção para déficit em transações correntes, que são as compras e as vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do país com o mundo, foi divulgada hoje (20), em Brasília, pelo Banco Central (BC). A estimativa anterior era maior: US$ 30 bilhões.
Essa revisão ocorreu devido a uma expectativa de superávit comercial maior (passou de US$ 51 bilhões para US$ 59 bilhões) e redução na projeção de déficit na conta renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários) de US$ 45,8 bilhões para US$ 42,1 bilhões.
“Houve uma redução do déficit esperado em 2018 causado fundamentalmente pela desempenho da balança comercial que vem surpreendendo favoravelmente”, disse o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha. Ele destacou que há aumento da quantidade de produtos exportados.
A expectativa de déficit na conta de serviços (viagens internacionais, transportes, aluguel de equipamentos e seguros, entre outros) permaneceu em US$ 37,7 bilhões. A projeção para a renda secundária (renda gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens) segue em US$ 2,5 bilhões.
Rocha explicou que em 2018 o déficit em transações correntes (US$ 18,4 bilhões) será maior do que deste ano (US$ US$ 9,2 bilhões) devido à retomada da atividade econômica, o que leva a aumento da demanda doméstica por importações, mais remessas ao exterior devido ao crescimento da lucratividade e maiores gastos em viagens ao exterior pelos brasileiros e com transporte pelas empresas.
Reduzida estimativa para o déficit em transações correntes
A estimativa para o déficit em transações correntes neste ano foi reduzida de US$ 16 bilhões para US$ 9,2 bilhões. De janeiro a novembro, o déficit ficou em US$ 5,418 bilhões, resultado bem menor do que em igual período de 2016: US$ 17,649 bilhões.
A balança comercial contribuiu para reduzir o déficit em transações correntes, ao registrar superávit de US$ 59,389 bilhões de janeiro a novembro deste ano. A conta de serviços ficou negativa em US$ 30,163 bilhões e a de renda primária em US$ 36,710 bilhões.
Quando o país registra saldo negativo em transações correntes, ele precisa cobrir esse déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o investimento direto no país (IDP), porque recursos são aplicados no setor produtivo do país. ]
De janeiro a novembro, esses investimentos chegaram a US$ 65,035 bilhões. A estimativa do BC é que os investimentos diretos fechem este ano em US$ 75 bilhões. Para 2018, a estimativa é US$ 80 bilhões.
Os investimentos em ações negociadas no Brasil e no exterior e fundos de investimentos somaram US$ 2,919 bilhões em 11 meses e devem terminar o ano em US$ 3 bilhões. A projeção para 2018 é de US$ 5 bilhões.