Maior partido da base aliada do governo e fonte de permanente tensão na aliança, o PMDB entra em 2012 convencido de que o candidato preferencial de Dilma Rousseff a vice-presidente, se ela for candidata à reeleição em 2014, é o atual governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente do PSB. Principalmente se Campos ganhar musculatura nas eleições municipais de 2012, junto com seu aliado, o PSD do prefeito Gilberto Kassab, de São Paulo.
Porque Eduardo Campos (PSB-PE) incomoda tanto a cúpula pemedebista?
A relação de Dilma com o PMDB alterna calmaria e alta tensão. Logo de início os mais experientes, como José Sarney e Renan Calheiros, compreenderam que Dilma não aceita ser desafiada. Viram suas observações confirmadas no episódio em que o deputado Eduardo Cunha (RJ) tentou barrar o nome escolhido pela presidente para Furnas. Aos poucos, o líder na Câmara, Henrique Alves, também aceitou que o melhor era atuar nos bastidores, discretamente, que bater de frente com Dilma.
A cúpula partidária entendia que estava tudo pronto para que a vaga que Jader Barbalho ganhou nas urnas ficasse com o PT, quando fosse votado recurso do ex-deputado Paulo Rocha, terceiro colocado para o Senado, no Pará. O partido sobrestou a sabatina de Rosa Weber e divulgou nota cobrando imparcialidade do STF no julgamento de Jader.
No momento seguinte o Supremo buscou o PMDB. O partido percebeu que o STF preocupava-se com o isolamento – o tribunal já vivia contencioso salarial com o Executivo e estava prestes a entrar em conflito também com o Legislativo. A cúpula pemedebista também percebeu que o futuro presidente do Supremo, Ayres Brito, queria distensionar o ambiente antes de assumir.
Peluso, como presidente do Supremo, já poderia ter desempatado o processo de Jader, uma vez que o próprio STF decidira que a Lei da Ficha Limpa não valeu para 2010. Dividido em relação a Jader, os ministros transferiram a decisão para o ministro a ser nomeado. Peluso então resolveu exercer o voto de minerva. As relações ficaram tão boas que o PMDB atrasou projeto que dá poderes ao Conselho Nacional de Justiça.
Com uma ou outra recaída, o PMDB parou de brigar publicamente por cargos, o que não quer dizer que não esteja bem representado em vários escalões. Mesmo o “execrado” Eduardo Cunha mantém afilhados em postos importantes, como se descobriu agora com a revelação da fraude de R$ 1 bilhão na Caixa Econômica Federal. Locado na vice-presidência de Loterias, está Fábio Cleto, nome de Cunha mas também avalizado pelo PMDB do Rio e até por nomes da seção paulista.
Aparentemente, a descoberta de um afilhado de Cunha na cúpula da Caixa surpreendeu o Planalto. Indicações cruzadas são comuns. O escândalo, por fim, reacendeu a disputa com o PT, pois o PMDB acha que os petistas vazaram a notícia com o propósito de isolar o partido.
Segundo dirigentes do PMDB, o problema envolveu tanto uma vice-presidência do PMDB quanto outra do PT (Tecnologia). Só o inquérito da Polícia Federal é que vai esclarecer se houve um “erro”, como de início assumiu a Caixa, ou se alguém manipulou o sistema que permitiu que títulos podres de uma hora para a outra passassem a valer uma fortuna.
Após a troca de acusações, PT e PMDB resolveram botar panos quentes. Perceberam que podem sair perdendo. Se nada de novo ocorrer, a disputa será resolvida até abril. Possivelmente de maneira desfavorável aos pemedebistas.

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