Filho do autor do primeiro projeto de emancipação do Tapajós, o sociólogo e jornalista Lúcio Flávio Pinto diz simpatizar com as aspirações separatistas da região oeste do Pará, mas diz que o atual projeto de cisão descaracterizou o projeto original.
“O projeto que foi apresentado pelo senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) não tem nada a ver com essa longa história de expectativas e aspirações sobre Tapajós”, afirma Pinto, 62 anos, que também é contrário à criação do Estado dos Carajás, no sudeste.
Na opinião do jornalista, a descaracterização da proposta original, elaborada nos anos 1950, com a inclusão do vale do Xingu no território que integraria o Estado do Tapajós, criaria mais problemas do que soluções para a região.
A proposta sobre a criação dos dois Estados será objeto de um plebiscito no próximo dia 11, no Pará. Na consulta, os eleitores terão de opinar separadamente sobre a emancipação de Tapajós e de Carajás.
Pinto diz que, com a inclusão do vale do Xingu no projeto de Tapajós, o município de Altamira – onde o governo federal pretende erguer a hidrelétrica de Belo Monte – ficaria subordinado a uma capital (Santarém) com a qual não tem qualquer ligação política e que fica quase tão distante quanto a atual capital, Belém.
Segundo o jornalista, é preferível que Altamira continue subordinada a Belém, com quem já mantém alguma conexão política.
Como Santarém, fundada em 1661, está exatamente no meio do caminho entre Belém e Manaus, moradores locais esperavam que um Estado fosse criado ali para facilitar a administração da região.
Por se tratar de uma demanda histórica, diz Pinto, as ambições separatistas de Tapajós são vistas pelos moradores de Belém com mais simpatia do que as intenções de criar um Estado no sudeste do Pará, que seria batizado de Carajás.
com informações: BBC Brasil